quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Da Choupana à Assomada.

O percurso, com uma extensão de 16 km, inicia-se junto ao campo de futebol da Choupana, no caminho dos Pretos, construído, no início do séc. XX, por mais de cem operários de raça negra, imigrantes de Cabo Verde importados pelo Visconde da Ribeira Brava para os libertar duma crise de fome flageladora daquele arquipélago. Subimos o velho caminho empedrado do Infante e, 300 metros acima, surge, à direita, aos 800 metros de altitude, a levada da Serra do Faial, que, desde 25 de Setembro de 1905, numa extensão de cerca de 54 km, trouxe água das serras do Faial até ao Funchal. Esta levada inicia a sua decadência em 1966, quando entra em funcionamento a levada dos Tornos. Hoje, em grande parte do seu percurso, está desactivada, revelando um desrespeito pelo nosso património cultural.
Prosseguindo numa mata de flora exótica onde se misturam os castanheiros e pereiros, avistamos a Quinta do Palheiro Ferreiro e passamos pela Quinta do Vale Paraíso, onde está instalada a Aldeia do Padre Américo. Aqui, vale a pena contemplar um frondoso exemplar de pinheiro bravo. De seguida, a levada serpenteia por entre casas no sítio do Vale Paraíso. Mais tarde, abandonamos a levada no sítio da Achadinha, de modo a passar pela Quinta das Almas, que guarda ainda um grande valor botânico e paisagístico.
Agora, no Largo da Achada, centro da vila da Camacha, aos 700metros de altitude, local onde em 1875 se jogou pela primeira vez à bola em Portugal, iniciamos a descida pelo caminho municipal dos Salgados. Dez minutos depois, junto à escola, seguimos pela esquerda, numa vereda um pouco íngreme, empedrada e bordada de agapantos. Atravessamos a aldeia dos Salgados, por entre castanheiros, nogueiras e outras árvores de fruto.
De degrau em degrau, descendo por entre poios, onde a agricultura acabou por sucumbir, chegamos abruptamente à levada dos Moinhos ou levada de Baixo do Caniço. Esta tem a sua madre na ribeira do Porto Novo e corre aos 400metros na vertente direita do seu vale até ao sítio dos Moinhos. Ao percorremos a esplanada da levada temos a oportunidade de encontrar espécies características do 1º e 2º andar fitoclimático da flora madeirense. Azevinhos, murtas, urzes, farrobos, globulárias, figueiras do inferno, faias, sabugueiros e ainda espécies exóticas tais como tabaibeiras, acácias, pinheiros e eucaliptos são frequentes.
No sítio dos Moinhos, ao deixarmos a levada, encontramos dois velhos moinhos: o do Escuna e o do Visconde, que, ao longo de anos, movidos pela água da levada, moeram os grãos que serviram de alimento às populações locais. Situado em frente ao segundo moinho, encontramos um pequeno e velho templo, mandado edificar em 1614 por Francisco Morais de Aguiar, dedicado a Nossa Senhora da Salvação. Pouco depois, contornamos a velha quinta dos Loureiros e por fim chegamos à Igreja da Assomada, inaugurada a 24 de Novembro de 1960 e dedicada a Nossa Senhora das Dores.

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