terça-feira, 26 de janeiro de 2010


Cascalho


Levada das Rabaças


Saída de Campo / Visita de Estudo
23 de Janeiro de 2010


Da Central Hidroeléctrica da Calheta à Ponta do Sol


A central hidroeléctrica da Calheta ou do Eng. Frederico Ulrich localizada na Ribeira da Calheta aos 658m de altitude foi fundada em 1947 e inaugurada a 5 de Julho de 1953. Três condutas servem esta central; as águas oriundas do Paul da Serra são conduzidas até à câmara de carga pelas levadas da Bica da Cana, do Paul e do Lajeado, as do Rabaçal pela levada do Risco e pela das 25 Fontes, as do Seixal e da Ribeira da Janela pela levadas do Seixal e da Rocha Vermelha.
Estas águas, depois da sua função nobre de produção de energia hidroeléctrica, são repartidas em duas grandes levadas irrigando as terras para Oeste até à Ribeira da Vaca no extremo ocidental da Ponta do Pargo e para Leste até à Ribeira da Ponta do Sol. E nesta levada que iniciamos o percurso no Lombo do Doutor, passando pelos lombos da Atougia, das Faias e das Florenças, ainda na freguesia da Calheta, para logo depois já sobre o Arco da Calheta desfrutamos de uma maravilhosa panorâmica sobre a vasta depressão do Arco da Calheta, limitada a oeste, pela Achada de Cima, a leste pela Achada de Santo Antão com o seu ponto mais elevado a 460m o pico do Facho ou da Bandeira e a norte pela Cova do Arco.
Em forma de arco, a freguesia do Arco da Calheta, criada em 1572 e dedicada a São Brás, corresponde à parte interior de uma antiga cratera, resto dum aparelho vulcânico parcialmente desmantelado a sul pela acção erosiva das águas do mar.
Ao longo da levada, proliferam as espécies exóticas, com especial ênfase para as acácias, pinheiros e eucaliptos, da antiga Laurissilva restam apenas pequenos núcleos onde os vinháticos são os dominantes. Alguns poios, ainda ocupados por culturas de sequeiro, constituem vestígios duma agricultura outrora promissora.
O povoamento é disperso com tendência para o alinhamento, ao longo dos caminhos traçados no topo dos interflúvios.
Já na vertente esquerda da Ribeira da Madalena atravessamos o Pomar, parte baixa do sítio do Pinheiro para depois num vale apertado da ribeira conheceremos um núcleo resistente de espécies da Laurissilva. Por entre vinháticos, tis e loureiros prosperam os alindres a as leitugas.
Segundo o Elucidário Madeirense, na margem esquerda da ribeira da Madalena, um grande desmoronamento de terreno no ano de 1932, causou enormes prejuízos e obstruiu em grande parte o leito da ribeira. Essa ocorrência contribuiu em grande parte para que, no dia 30 de Dezembro de 1939, o caudal da ribeira, com as grandes invernias que então caíram tomasse as mais assustadoras proporções e arrastasse na sua passagem dezenas de habitações, desse a morte a várias pessoas e causasse incalculáveis prejuízos, constituindo uma das maiores calamidades provocadas pelas inundações nesta ilha.Ainda antes do sítio das Eiras, nos Canhas, a levada contorna pequenos vales e lombos, onde as espécies indígenas vão dando lugar aos pinheiros aos eucaliptos e às acácias. Depois de atravessarmos a estrada no sítio da Levada do Poiso a levada passa pelos lombos do Meio e da Piedade, nos Canhas e pelo lombo de São João, na Ponta do Sol. Ao chegarmos à Fonte Coxo abandonamos a levada e descemos pelo caminho ao Pomar Dom João. (Esta saída foi cancelada devido as condições do percurso).
Saída de Campo / Visita de Estudo
28 de Novembro de 2009

Boca da Corrida – Aviceiros - - Posto Florestal da Trompica – Fontes –
Da Boca da Corrida as Fontes
A norte do Estreito de Câmara de Lobos, entre os 700 e os 850 m de altitude, localiza-se a freguesia do Jardim da Serra, assim chamada por se tratar de um lugar pitoresco. Pequenas casas salpicam a paisagem com os seus jardins e campos agrícolas bem cuidados, onde se destacam as cerejeiras, que nesta época do ano se cobrem de flores brancas. Nesta freguesia, é de realçar a Quinta do Jardim, cuja construção foi iniciada na 1ª metade do Séc XX por Henry Veitch, cônsul da Inglaterra. Actualmente está transformada num hotel de luxo.
A 4 Km acima do Jardim da Serra, junto ao pico da Malhada, aos 1203 m de altitude, fica a Boca da Corrida e a casa florestal, rodeada por espécies exóticas e indígenas (castanheiros, nogueiras, pinheiros, cedros, giestas). Daqui, observa-se a freguesia do Curral das Freiras, depressão escavada pelas águas de escorrência na cabeceira da Ribeira dos Socorridos. À nossa frente avista-se a Eira do Serrado, aos 1020 m, e o Pico Grande, aos 1657 m de altitude. Pelos interflúvios, espalham-se os vários sítios. Numa pequena plataforma da margem esquerda da ribeira, aos 650 m, no sítio das Casas Próximas, a igreja concentra o principal povoado.
O percurso a pé inicia-se junto à casa florestal por um caminho que nos leva ao montado dos Aviceiros, contornando a cabeceira da Ribeira das Eirinhas, a norte da Quinta Grande, para mais tarde chegarmos à casa do Dr. Alberto, situada num local paradisíaco. Uma vereda estreita mas não perigosa corta a cabeceira da Ribeira do Campanário, atravessando um coberto vegetal bastante pobre, vítima do contínuo pastoreio de cabras e de ovelhas e dos sucessivos fogos, e conduz-nos ao posto florestal da Trompica, aos 1180 m de altitude.
Uma nova vereda penetra numa mata de castanheiros e leva-nos ao sítio das Fontes, um dos aglomerados populacionais das terras altas da freguesia do Campanário. Por entre poios, ainda cultivados, descemos, aos poucos, até atingirmos o caminho recentemente asfaltado que nos liga ao sitio do Espigão, já na freguesia da Ribeira Brava. Aqui, as casas alcandoradas no meio de uma grande escadaria de poios, foram mantidas isoladas, durante muitas décadas, da vila da Ribeira Brava. Descemos inicialmente na vereda que liga à Meia Légua para, logo de seguida, apanharmos a levada do Norte, aos 600 m de altitude. Mais adiante, atravessamos a Eira do Mourão, onde as casas se estendem na crista soalheira do interflúvio. Daqui, podemos avistar, do outro lado do vale da Ribeira Brava, as Furnas e o Pomar da Rocha. Continuando a levada, esta corta o vale da Ribeira Funda, cujas margens estreitas se cobrem de densa floresta. Restos da flora indígena constituída por vinháticos, faias e marmulanos cobrem as vertentes abruptas. Aos poucos, o espaço vai sendo repartido pelas acácias, eucaliptos e pinheiros que acabam por formar um pinhal e nos conduzir ao sítio da Boa Morte.
Saída de Campo / Visita de Estudo
17 de Outubro de 2009

Paúl da Serra– Levada do Paúl – Levada da Bica da Cana –
Cascalho – Levada das Rabaças - EncumeadA

Na parte Ocidental do Maciço Central Montanhoso, a Oeste dos vales de S. Vicente e da Ribeira Brava, localiza-se o maior planalto da Madeira, o Paúl da Serra. Com uma área aproximada de 20Km2, estende-se por uma altitude média entre os 1400 e os 1500metros, constituindo um grande reservatório de água, oriunda da elevada precipitação anual que ocorre nesta área. Abastece continuamente inúmeras nascentes, ribeiras e levadas que dali partem.
Nesta área aplanada destaca-se o Pico Ruivo do Paúl com 1640 m e a Bica da Cana com 1620 m de altitude.
O nosso percurso, num total de 16 Km, inicia-se no Campo Grande, junto à câmara de carga da central hidroeléctrica da Calheta, na Levada do Paúl. Esta é uma das mais antigas levadas da ilha, que mais para leste vai buscar água à designada Levada da Bica da Cana, porque a sua nascente fica abaixo da Bica da Cana, na Ribeira da Ponta do Sol. Caminhamos calmamente ao longo da levada desfrutando aos nossos pés vistas soberbas sobre os lombos e lombadas da Calheta onde um povoamento disperso se alinha nos topos dos interflúvios. Ao fim de 5km, logo abaixo da pequena estátua do Cristo Rei, cruzamos com a estrada que liga os Canhas ao Paúl e continuamos para Leste, agora, na Levada da Bica da Cana. Aos 1300 metros de altitude, contornamos a vertente esquerda da bacia de recepção da Ribeira da Ponta do Sol e desfrutamos de magníficas vistas sobre a vertente sul da Ilha. Momentos depois, encontramos um segundo caminho recentemente aberto, pelo qual descemos, abandonando a levada da Bica da Cana.
Descendo em direcção ao leito da Ribeira da Ponta do Sol, a pouco mais de 1000 metros de altitude, encontramos uma galeria recentemente aberta sob o planalto do Paúl da Serra, a qual alimenta a Levada das Rabaças. Esta corta a cabeceira de vertentes abruptas da Ribeira da Ponta do Sol, passa pelo Cascalho, área de escombreiras de seixos, e atravessa uma flora com vestígios duma antiga floresta da Laurissilva, ao longo dos tempos castigada pela acção do gado e de sucessivos incêndios. Alguns exemplares de maior porte, como o til e o loureiro, persistem nas origens das ribeiras e nos vales mais profundos.
Já na vertente Este da cabeceira da ribeira, um túnel de 2400metros conduz-nos à vertente Oeste do vale da Ribeira da Serra de Água. A Fajã das Éguas, com o seu punhado de casas, junto à Pousada dos Vinháticos, e o Pico Redondo constituem elementos marcantes desta paisagem.
Mais ou menos a um quilómetro da Encumeada, a Levada das Rabaças desagua na Levada do Norte. Esta tem origens nas serras do Seixal, passa pela central hidroeléctrica da Serra de Água e continua até à Ribeira dos Socorridos, abastecendo os terrenos agrícolas da Ribeira Brava, Campanário, Quinta Grande e Câmara de Lobos.
Após passarmos por paus brancos, loureiros, faias, vinháticos, hortênsias, azálias e um conjunto diversificado de flores silvestres, chegamos à Boca da Encumeada, a 1007m.